Quem és tu e torna te no que és, são expressões que nos remetem para algo de extrema importância, justamente porque têm a ver com aquilo que sabemos sobre nós próprios e depois, o que fazemos com isso. Para chegares à segunda, torna-te no que és, terás que passar pela primeira, quem és tu. Esta será, por assim dizer, a parte teórica e a seguinte, a parte prática deste processo. Saber quem somos e tornarmo-nos no que somos, é algo que se vai realizando num longo caminho cuja duração é a vida toda e é de todas, a tarefa mais difícil, mas também a mais importante da existência humana. Falamos de individualidade, não de individualismo, falamos de autonomia ou, se preferires, da falta dela e de uma necessidade neurótica, para não dizer paranoica, de termos todos de alcançar os mesmos lugares e convencermo-nos de que somos sempre capazes. A verdadeira autonomia é estarmos em harmonia com aquilo que temos dentro de nós, com os nossos sentimentos, necessidades e especificidades, até porque, esta é a base da saúde mental. Sabias que a raiz da doença psicológica está naquilo que fazemos para ficar de bem com os outros e mal connosco próprios? O medo da autonomia, ou seja, o medo de sermos quem somos, leva-nos a ignorar as nossas fragilidades, os nossos limites e incapacidades, mas também a nossa força, a nossa criatividade e unicidade, para sermos o que os outros esperam que sejamos. Torna-te no que és e constrói passo a passo a tua autonomia, ou melhor, a tua verdadeira autonomia.
Celeste Peixoto
Psicóloga Clínica