A gestão do tempo é um dos maiores desafios da cultura contemporânea. Faz sentido dizer que o tempo é aquilo que fazemos com ele. Mas o que fazemos nós com o nosso tempo?
Será que vou ter tempo para fazer tudo? Terei tempo para existir fora do escritório? Estas e outras questões perseguem a maioria de nós e apesar de todas as angústias que daí decorrem, continuamos sem tempo para ter tempo.
“Não tenho tempo” expressão, muitas vezes, dita com muito orgulho, até porque suscita admiração a quem a ouve. Bem é dizer que não temos tempo, significa, pois, que fazemos muitas coisas e coisas importantes, que somos fortes e resistentes e acima de tudo, que está tudo bem.
Corremos atrás do tempo como o coelho da “Alice no País das Maravilhas”, na certeza, porém de que “é tarde, é tarde”. É tudo para ontem, para não falar da culpa de não ter tempo para ter tempo.
Mas será a falta de tempo uma desculpa dos que perdem tempo por falta de método? Poderá ser também o caso de perdermos demasiado tempo a trabalhar para o ego, para a visibilidade e protagonismo, em busca de uma “felicidade” que nos é vendida ao desbarato?
Fazemos tudo centrados no tempo e não naqueles que precisam do nosso tempo. Os relacionamentos precisam de tempo, o autoconhecimento precisa de tempo, a empatia precisa de tempo, a comunicação precisa de tempo. Ter tempo é ter tempo para dar.
Assim se vai produzindo um modelo social individualista, vazio e insensível, com custos elevados que comprometem a saúde física e mental de todos nós. Afinal somos apenas seres humanos, não somos super-heróis.
Em boa verdade não ter tempo é também uma escolha, mas sendo que o tempo é um bem precioso, faz a tua escolha!
Celeste Peixoto