DOLCE FARE NIENTE

Hoje quero preencher estas linhas com palavras leves, frescas e despidas de conselhos “paternais”, complicações e “tempos obrigatórios”. Se há momento para ser assim, é agora…bem-vindo “meu querido mês de agosto”.

Hoje não trago nada de novo, mas aproveito a vossa companhia para vos contar como têm sido os meus primeiros dias e como pretendo passar o resto do mês. Agosto é o mês para colocar em prática, tudo o que reclamo fazer nos momentos em que até para respirar o tempo é contado.

Comecei cedo o dia, com a minha primeira aula de Surf às 8h da manhã. O Surf sempre foi algo que quis experimentar, mas que se foi arrastando por falta de tempo e muitas vezes por preguiça (agosto não é mês para se ter preguiça). Se querem saber a minha opinião, concretiza-la foi das melhores decisões que tomei. Senti-me realmente feliz dentro do mar e, acima de tudo, senti-me livre!

Como o almoço na casa do meu pai nunca é antes das 13h30, aproveitei para gastar o resto da manhã deitado na toalha a ouvir um pouco de música, desfrutar o balanço das ondas e carregar o corpo com vitamina D.

À hora marcada, estava sentado à mesa ainda com areia nos pés. Durante o ano letivo, os almoços têm quase sempre um relógio mental a vigiar os minutos e   sem espaço para uma conversa familiar. Hoje não. Hoje é dia de sentar, falar em velocidade cruzeiro onde se pode debater todos os assuntos que preenchem o nosso dia a dia, onde todos têm o privilégio de partilhar, escutar e de expor a sua opinião sobre qualquer tema. O almoço acaba sem nada por dizer, mas com a alma cheia.

Independentemente da duração, a vontade de deitar no sofá depois do almoço é sempre a mesma e hoje não foi diferente. O tempo não está contado e decidi passar o início da tarde a colocar a leitura em dia e assim “viajar” para uma época pela qual me interesso bastante, o Holocausto. Os mais velhos vos dirão que para saber para onde caminha a Humanidade, é preciso saber da História…e têm toda a razão. Hoje, dou continuidade à leitura de um dos livros que mais prendeu a minha atenção, “Perguntem a Sarah Gross”. A literatura, como nos gostos, varia de pessoa para pessoa, mas não consigo falar deste livro e não insistir para que o leiam.  Aconselho aos que adoram “aprender” com os livros, aos que nem gostam muito de ler e aos que nunca leram um livro. Por vezes, uma boa experiência é tudo que é preciso para nos “prender”.

Interrompo a “viagem” pelas 16h30 para um encontro entre amigos numa das piscinas municipais. Como é bom estar com eles para conversas triviais e tendo como única preocupação saber se alguém me vai empurrar para dentro da água quando não estou à espera.

O jantar é preenchido com os mesmos, com um pezinho de dança e horas de gargalhadas ao som de uma música ambiente vinda de algum bar à beira rio.

Enquanto vos escrevo estas linhas deitado na minha cama, sinto-me feliz por saber que os meus desabafos durante o ano letivo não foram em vão. Estou a cumprir tudo que disse que queria fazer quando tivesse ao lado do meu próprio tempo.

Assim sei que terei forças e as memórias necessárias para aguentar o que aí vem, até voltar a ter o tempo, ‘esse grande escultor’, nas minhas mãos.

Paulo Khan