Atleta olímpico

As olimpíadas da saúde mental

Numa inquietação constante de compreender os efeitos do movimento e do esforço físico não somente no corpo, mas também ao nível da mente, desde sempre foram surgindo estudos científicos acerca do tema.

A expressão “Mente sã em corpo são” que significa bem-estar físico e mental, pretende chamar a atenção para a complementaridade entre corpo e mente, não se devendo nunca, dissociar um do outro. A prática desportiva é vista como um meio de preparação para a vida, por promover competências de julgamento e perceção corretos da realidade, adaptabilidade e resiliência nas adversidades, melhorando o humor e a superar os estados depressivos.

Nesta linha de pensamento, o que podemos aferir sobre a saúde mental do atleta olímpico, “o mais alto, o mais forte, o mais rápido”? Até que ponto, o elevado cariz de seleção, rigor, exigência, competitividade e espectativa de resultados coloca em risco a saúde física e mental?

Alcançar o topo exige um sem número de privações que começam desde cedo, horários rígidos, treinos diários e intensivos, e muita disciplina, que obriga ao afastamento da família, amigos e do convívio social. O foco exclusivo nos treinos e nos resultados e a tentativa de eliminar qualquer fator psicológico que possa interferir negativamente nos resultados, transformando o atleta num “homem-máquina”, acaba por fragilizar a sua saúde psíquica e emocional.

Por detrás das exibições impressionantes, de superação, “excelência”, “perfeição” e “saúde”, que comovem e enchem de alegria muitos corações, esconde-se um lado negro, oculto e silencioso. Representando o pilar da saúde e bem-estar, o atleta não poderá partilhar o seu sofrimento psicológico, justamente para não quebrar as expectativas idealizadas do seu público, o que torna mais difícil a procura de ajuda.

O psicólogo do desporto surge neste contexto como figura crucial, no sentido de psicoeducar todo o sattf envolvido, incluindo a própria família. É essencial olhar para o atleta, antes de tudo como pessoa e trabalhar no sentido de eliminar os estigmas associados à doença mental, encorajando – o a assumir os sintomas e procurar o apoio necessário e tão importante como o treino físico e as qualidades técnicas e táticas.

Importante é também distinguir a prática desportiva recomendada e promotora da saúde e bem-estar, do desporto de alto rendimento.

Pratica desporto, aprende a gostar do que te faz bem!

Celeste Peixoto